Desde tenra idade que Albertina e Alberto eram unha com carne.
Na escola não se largavam por um segundo, fora da escola corriam atrás um do outro por entre campos verdejantes em alegres brincadeiras.
Foram crescendo sempre juntos só tendo olhos um para o outro.
Passou a ser um namoro pegado para se transformar num amor para toda a vida.
Um namoro passado nos bailes daquela aldeia que estava sempre em festa, onde eram os reis da folia.
E era assim que Albertina era feliz. Sempre em festa com o seu Alberto, no meio da folia e do divertimento.
Todas as tentativas de ensinamento que sua mãe lhe tentara transmitir sobre as delícias de cozinhar saíram goradas. Ela não precisava de agarrar um homem pelo estômago pois há muito que agarrara o seu.
E como todos neste planeta também eles foram apanhados pela pandemia que se julgava ser passageira, e obrigados ao confinamento, cada um na sua casa.
Passaram a namorar por videochamadas, o dia inteiro agarrados ao écran, noites inteiras com juras de amor e promessas de uma vida em comum no fim da pandemia.
Mas a pandemia teimava em não passar.
E as videochamadas começaram a ser mais espaçadas passando a ser apenas chamadas de voz pois Albertina ficara de repente sem câmara no seu telefone.
Chamadas essas que, pese embora as tentativas insistentes de Alberto foram rareando cada vez mais da parte de Albertina que deixou mesmo de atender o telefone para desespero de Alberto que lhe enchia a caixa do correio de mensagens.
O pânico começou a tomar conta de Alberto perante o visível desinteresse demonstrado por parte de Albertina.
Tal só podia significar algo que só de pensar sentia a alma a trespassar o seu ser.
Que Albertina se tomara de amores por outro que conheceu durante este afastamento involuntário.
Mas que mais poderia fazer Alberto?
Todas as tentativas humanamente possíveis de contacto e reaproximação saíram frustradas.
Em desespero de causa saiu de casa naquela noite sorrateiramente todo de negro vestido desafiando o recolhimento obrigatório rumo a casa da sua amada pronto a enfrentar a verdade por mais dura que ela fosse.
Quanto mais se aproximava mais evidente era o som de ruídos no seu interior a que se sobrepunha a voz maviosa da sua amada em alegres cantorias evidenciando um estado de alma pleno de felicidade.
Embora a noite estivesse quente, Alberto estava gelado por dentro mas suando por cada poro da sua pele, tremelicando que nem varas verdes.
Trepou silenciosamente o muro e qual lobo furtivo à espera de caçar a sua presa, alcançou a janela mais próxima entreaberta na qual foi possível observar o movimento no interior.
E o seu maior medo confirmou-se.
Afinal havia outro, disso não havia qualquer dúvida.
Um fogão reluzente que fumegava em todo o seu esplendor onde repousavam tachos e panelas repletos de iguarias que Albertina aprendeu a fazer durante o confinamento.
Novo Desafio da nossa abelhinha mais querida desta blogosfera, este verdadeiramente desafiante : Escrever um texto sem uma única palavra "E".... O texto "deveria" ter o máximo de 100 palavras, mas rebelde como sou, excedi o número.... mas achei que estava tão fixe (gaba-te cesta que amanhã vais à vindima) que decidi não cortar nada. Sorry abelhinha. Não te zangues comigo.
Aqui vos deixo o link para que todos vocês que por aí pululam com essa mentes fervilhantes de ideias geniais, entrem neste desafio onde a diversão está garantida.
"Como todos os dias, os alunos cantarolavam a uma só voz a cantiga das vogais.
Mas agora a cantiga não foi igual. Havia algo muitíssimo invulgar.
- a, i, o, u… !!! – a,i, o, u … !!!! – a,i,o,u…!!!
Faltava uma vogal ! Sumira uma vogal como num ato mágico.
Os alunos assustados clamaram por auxílio da instruidora a qual panicou gritando para todos avisar.
Súbito, uma carta voou para o chão da aula trazida no bico duma rola luminosa.
A vogal sumida para não mais afligir os alunos, mandou uma justificação para a sua fuga .
Tirara uns dias para folgar, com o cansaço com tamanho abuso como vogal mais utilizada para ligação, conjugação, apuração ou adição.
Os alunos acalmaram com a justificação, votaram por maioria a favor da folga para todas as vogais uma a uma , com o compromisso da volta da vogal agitadora."
Meu coração é Vermelho, De Vermelho vive o coração, Tudo é garantido após o sol Vermelhecer.
E é tão isto…. As vezes que vermelhei ao som desta vermelhidade qual papoila (vermelha) saltitante, relembrando as alegres peregrinações com o meu Pai ao Glorioso Estádio da Luz e bem mais tarde, em família, com os meus vermelhusquinhos.
Mas há mais vermelho que salpica a minha vida, começando pela época natalícia (mais vermelho que esta época não há), em que pela mão da minha querida mãe, calcorreavamos a Baixa Pombalina de ponta a ponta em busca dos barbudos e gorduchos Pais Natais nos seus trenós e com as suas renas para as fotografias da praxe, tradição que mantive com o meu filho mais velho que também adorava, e em que apenas fui bem sucedida nesta demanda com a mais nova nos seus primeiros anos de vida…....
Vermelho também das cerejas que sempre comi até ficar a rolar com dores de barriga, e das fatias enormes das melancias sumarentas que ia comer para o portão da casa dos meus pais, provocando grandes birras à miúda da casa em frente.
Vermelho das joaninhas pintarolas que eu caçava para lhes cantar “ voa voa joaninha que o teu pai foi a Lisboa” , e da sua história que escrevi que um dia destes vos contarei.
Vermelho das minhas galochas que em miúda me enchiam de contentamento nos dias de chuva ao chapinhar em todas as poças de água que encontrava pela frente e que passados tantos anos finalmente consegui encontrar umas exatamente iguais, que agora não largo mal veja umas pinguinhas a cair para de novo ir chapinhar em todas as poças de água.
Todas as quartas feiras e durante 12 semanas publicamos um texto novo inspirado nas cores dos lápis da caixa que dá nome ao desafio no blogue da Fátima
A cor desta semana é o verde água, verde claro, a remeter para a Primavera com os seus campos verdejantes e para a Esperança de que tudo fique bem.
Verdes são os campos da cor de limão, assim são os olhos do meu coração, Verde que te quero verde, verde vento , verdes ramas.
Viajei de imediato para a Ilha Esmeralda, assim denominada a Irlanda pela sua paisagem constantemente verdejante, mercê das chuvas e neblinas frequentes, verde o símbolo do nacionalismo irlandês com origem na cor verde das fardas dos soldados na Rebelião Irlandesa de 1798, onde não existem cobras, pois foram expulsas e para sempre banidas pelo seu padroeiro, St Patrick, que explicou a Santíssima Trindade aos pagãos celtas com trevos de 3 folhas, e que leva no dia 17 de Março, a que uma multidão de verde trajada invada as ruas em alegres desfiles, de cerveja Guiness na mão.
A minha veia mística relembra-me os pequeninos seres mágicos sapateiros no reino das fadas, os duendes rezingões que moram em casas nas raízes das árvores das florestas, se escondem entre as folhas das árvores e no meio das folhas dos arbustos ocupados a fazer sapatos e que guardam ferozmente o pote com moedas de ouro no final do arco íris.
A minha veia nostálgica remete-me para uma década atrás, onde, no âmbito da disciplina de francês ajudei o meu filho a fazer um chapéu em tons de verde (esperança) e amarelo (sabedoria) para a comemoração do dia das “Catherinettes”, a 25 de Novembro, em honra de Santa Catarina, padroeira das raparigas solteiras (Les Catherinettes), onde anualmente as raparigas com mais de 25 anos renovam o chapéu de Santa Catarina e saiem em procissão na esperança de encontrar um marido, num desfile de chapéus em verde e amarelo.
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Esta semana vamos pintar as letras em tons de azul claro, cor da calma, da quietude, do relaxamento, da divagação, da serenidade, da tranquilidade, da suavidade, do espírito e da devoção, mas também da melancolia e da tristeza.
Desde as segundas feiras mais tristes do ano, as apelidadas de Blue Monday, que os New Order nos puseram a dançar frenéticamente, ao compasso entoado em coro do refrão de Song Sung Blue do saudoso Neil Diamond, à Blue Jean de Bowie do eterno olho azul, aos Blues em geral, em notas cantadas num timbre arrastado num som triste e melancólico, a quando Elton John tentou adivinhar why they call it the blues e que todos sonhavamos com o seu Baby que tinha blue eyes, like a deep blue sea, on a blue, blue day e que tanto sofremos com o amor impossível espelhado no olhar azul tão claro da soldada russa, Nikita.
Né Ladeiras levou-o no seu sonho Azul, Azul, Azul da cor do céu, os Delfins clamaram que a Cor Azul vai-nos salvar, quero ver o teu olhar azul a brilhar no meu caminho, para Djavan o amor é azulzinho, foi sem mais nem menos que os Trovante selaram a 125 Azul, e os Rádio Macau tentaram mandar pintar o céu em tons de azul, mas só depois notaram que Azul já ele era.
Estava eu a divagar sobre como pintar as letras em tons de azul claro, recostada numa cadeira azul a olhar o infinito do mar azul onde saltavam golfinhos por cima de uma baleia azul, com o meu bloco de notas de capa azul, qual Marlene Dietrich no Anjo Azul, com uma campânula azul a prender o cabelo, a ouvir a banda sonora do Veludo Azul, com um copo de Blue sapphire, o pensamento a vaguear rumo ao céu tão azul, coberto de bandos de andorinhas azuis, quando despertei deste sonho azul com os trinados desafinados do meu periquito azul.
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Esta semana vamos pintar as letras em tons de laranja, cor da energia, do positivismo, da alegria, da nostalgia e do romantismo.
Cor que remete para doces recordações de infância ao som de – Olhó Rajá o Melhor que há – que nos fazia correr com 25 tostões na mão rumo ao sorvete tão refrescante de laranja, em busca de mais uma figurinha do “Carrossel Mágico”, fosse o franjinhas, fosse o Saltitão (Tornicotim, Tornicotão, eu sou o Saltitão).
Folhas inteira enchi de palavras desenhadas por uma caneta bic laranja _ Bic laranja de escrita fina_ ,coleccionei postais e posters com pôr de sóis, tantos que serviram como pano de fundo de momentos ardentes plenos de romantismo, apreciei o nascer do sol a anunciar em tons de laranja mais um dia intenso para viver.
Laranja do Garfield, gato rechonchudo apreciador de lasanha, que em forma de peluche gigante, foi presente daquele grupo de colegas da faculdade, numa louca festa de aniversário inesquecível.
Tons de laranja nos cortejos nocturnos do Halloween pela vila com os miúdos fantasiados e de abóboras luminosas em riste a tocarem às portas das casas decoradas com abóboras iluminadas na demanda de doces ou travessuras, das histórias de Halloween saídas desta mente irrequieta:
Laranja das laranjas que o maridão espreme logo pela manhãzinha para que possa deliciar-me com o sumo logo ao acordar, laranja das abóboras ao meio partidas que a Mãe usava para fazer os seus afamados fritos que perfumavam a casa toda pelo Natal e agora para as sopas que fazem as delícias dos filhotes.
Laranja no meu mais recente amigurumi, o intemporal Pluto cor de laranja herói das histórias em quadradinhos da nossa infância, enviado como oferta de uma talentosa amiga da blogosfera, e que agora se tornou meu companheiro inseparável de teletrabalho.
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Alice era uma menina muito irrequieta e curiosa que gostava de dar grandes passeios com o seu cão bonacheirão Titão de pelo longo e frondoso.
Um dia, em que o sol brilhava com um sorriso radioso, Alice e Titão saíram a correr, aos saltinhos e aos pulinhos diretos ao parque no fundo da sua rua.
Quando lá chegaram, Titão começou a rosnar e a abanar freneticamente a sua cauda.
- Oooohhhhhh!!!!! – Exclamou Alice maravilhada – Um escorrega gigante cheio de curvas e de contracurvas.
E logo Alice trepou para o alto do escorrega gigante com Titão às suas cavalitas, preparando-se para umas voltas valentes.
E escorregou, e rodou, e rodopiou numa dança maluca que parecia não ter fim, sentindo-se a flutuar num espaço imaginário.
Sentiu-se a pousar, e meia tonta, meia zonza, abriu bem devagarinho os olhos, olhou lentamente à sua volta e abriu a boca de espanto.
À sua frente um lago de água cristalina de onde saltavam peixes dourados e prateados rodeado por árvores verdejantes e frondosas que abanavam os seus ramos e as suas copas de onde voavam pássaros de penas coloridas que chilreavam alegremente, indo pousar em flores de todos os tamanhos e de todas as espécies que se moviam para todos os lados, tudo isto ao som de uma música misteriosa e cheia de magia.
Titão ao seu lado ladrava furiosamente tentando escapar-se de um coelho branco que lhe dava patadinhas no seu focinho.
- Sejammmmm muitoooooo bemmmmvindosssss ao País das Cantigas– cantou o coelho num timbre afinado.
-Souuuuu o coelhoooo Tobiasssssss e vouuuu ser o vossoooo ciceroneeee por esteeee paísss encantadooooo.
E imediatamente apareceu a dançar pelos ares a águia Bataglia que com o seu bico bicudo pegou cuidadosamente nos visitantes levando-os por entre uma pauta de mil sons, fazendo-os pousar sobre o lombo do javali Malaquias que cantava estridentemente acompanhado pelo veado Tobias que agitava ritmadamente as suas hastes.
- Aquiiii todossss temossss que cantarrrrrr – assobiou o esquilo que se agarrara ao ombro de Alice.
- Mas eu não sei cantar – disse Alice com um ar cabisbaixo.
- Toda a gente sabe cantar – guinchou harmoniosamente o macaco Paquito – É só fechar os olhos e ir bem fundo dentro da nossa alma. Todos temos alma de cantor. É questão de encontrar o nosso próprio ritmo e nunca imitar ninguém. Cada um é como cada qual. Cada um é diferente do outro.
De repente à sua frente Alice tinha um coro de animais que cantavam alegremente cada um no seu tom, cada um à sua maneira e feitio.
Uns em tons mais graves, outros agudos, e outros nos baixos. Sopranos, contraltos e tenores, de tudo havia um pouco e muito mais do que aquilo que se podia imaginar.
Quase sem se aperceber Alice começou a cantar uma melodia de tons mágicos acompanhada por Titão que gania musicalmente, enquanto que uma chuva de estrelas cintilantes lançava pozinhos dourados fazendo com que Alice que dançava agarrada a Titão começasse a flutuar.
E de novo se sentiu a rodar e a rodopiar numa dança sem fim mas tão harmoniosa que sentiu os seus olhos a fechar.
Foi então que sentiu a língua quente de Titão que lambia furiosamente a sua cara, suplicando para lhe levar à rua.