E eis-nos chegados à reta final deste colorido desafio que tão boas recordações nos avivaram a memória numa paleta de cores diversificadas.
Vamos cortar a meta em tons de branco, cor da pureza, da tranquilidade, da serenidade e da paz.
Pomba branca, pomba branca, já perdi o teu voar, naquela terra distante, toda coberta plo mar…
Na minha caixinha mágica de memórias, o branco remete-me também para uma terra distante, onde vivi com toda a intensidade e magia o meu verdadeiro White Christmas.
No fulgor dos bons velhos anos 80 as nossas férias eram passadas em família e com amigos em Benidorm, terra de calor e de loucura sem igual, onde se fazia tudo menos dormir.
Foi por lá que me encantei com os 2 metros de altura do meu holandês voador e que tivemos aquele amor de verão inesquecível, perpetuado durante o resto do ano em trocas amorosas de resmas de cartas.
No ano seguinte de novo nos encontrámos no sítio do crime, desta vez ele arrastou para lá a família que logo se entendeu às mil maravilhas com a minha, de tal modo que, passados 2 meses vieram cá todos passar uma fantástica temporada, tendo ficado assente desde logo que o Natal seria passado na casa deles.
E eis que chegada a altura, recebi de presente um casaco branco mais quente que a pele de um urso polar, e umas botas brancas que encheram de vaidade.
Quando aterrámos, o tempo desiludiu-me, pois era de noite e chovia copiosamente.
De manhã, fui acordada com algo a bater na janela. Eram bolas de neve que estavam a atirar contra a janela depois de, milagrosamente ter nevado a noite inteira.
Foi o Natal branco da minha vida, com direito a passeios por paisagens brancas, brincadeiras no meio da neve, bonecos de neve vestidos a rigor, lutas de bolas de neve e noites passadas ao som do Last Christmas.
Este romance ainda durou uns meses, mas derreteu como uma bola de neve quando ele decidiu pespegar-se cá em casa e por cá ficar para o que desse e viesse.
Passámos anos sem saber um do outro, até que fui descoberta nas redes sociais
Veio cá há 2 anos atrás e foi delicioso rever um dos meus grandes amores de verão que afinal não passava disso mesmo, mas que continuava divertido e encantador tal como me lembrava, embora tivesse perdido a sua farta cabeleira que tanto me encantava.
Amarelo é alegria, é ânimo, é festa e festival, é a vida radiosa em todo o seu esplendor.
Amarelo dos raios brilhantes do sol que nos aquecem a alma e dão ânimo e alegria fazendo rodopiar os girassóis que fizeram parte do meu ramo de noiva em conjunto com as margaridas amarelas que também foram bordadas no meu vestido de noiva, amarelo dos limões que colhia do limoeiro que vi crescer no quintal dos meus pais, e que alegremente trepávamos nos seus galhos para os colher e transformar em litros de limonadas que refrescavam as quentes tardes de Verão da grupeta.
Amarelo dos pintainhos que nasciam sem qualquer aviso, dos patinhos que os meus pais compravam nas manhãs de Sábado no Mercado da Ribeira e que eu corria atrás deles para lhes colocar lacinhos coloridos.
Amarelo das amarguinhas que vestiam os campos que atravessávamos em bando a caminho da escola e que sugávamos entre esgares de prazer e de amargor numa alegre pangaida cantando a plenos pulmões We all live in a yellow submarine, a yellow submarine, a yellow submarine.
Amarelo do Woodstock, o passaroco que em pensamentos diz tudo aquilo que nós também gostaríamos de dizer mas que guardamos para nós, amarelo do Sítio do Picapau Amarelo que encantou toda uma geração e que tanta saudade deixou com a boneca Emília e o seu cabelo amarelo esfarrapado, amarelo do Tweety, o canarinho amarelo que estava sempre a ver um lindo gatinho.
Amarelo das paredes da minha sala e dos muros do meu quintal, onde num dia de inspiração pintei um sol amarelo, amarelo no quadro de um pintor de rua que no Brasil nos encantou, amarelo nas minhas orquídeas que de novo estão a desabrochar em todo o seu esplendor, amarelo do vestido que por acaso hoje vesti.
Se toda a gente gostasse do amarelo como eu gosto ….
Todas as quartas feiras e durante 12 semanas publicamos um texto novo inspirado nas cores dos lápis da caixa que dá nome ao desafio no blogue da Fátima
Esta semana no Desafio da Caixa dos lápis de cor, vamos pintar as palavras de cor de rosa, cor da ternura, do amor, da inocência, do romance e das histórias cor de rosa.
"Rino era um rinoceronte que vivia há muito tempo no jardim Zoológico, diferente de todos os outros pela sua pele em tons de rosa.
Levava uma vida calma e pachorrenta entre as suas sestas prolongadas e os seus grandes banhos na água lamacenta.
Fazia grandes banquetes com as ervas e as folhas que lhe davam para comer e que fazia questão de as mastigar demoradamente prolongando as suas refeições num ritual cheio de prazer e de satisfação.
Fez grandes amizades com pássaros coloridos de todas as espécies que o visitavam durante o dia animando-o ao som dos seus alegres chilreios e lhe provocavam fortes gargalhadas com as cócegas que sentia quando eles lhe debicavam das suas costas rosadas os incómodos insectos que teimavam em picá-lo o dia inteiro.
Mas Rino começou a sentir-se sozinho, principalmente à noite, quando os seus amigos passarinhos iam dormir. E começou a ficar muito triste. Tão triste que já nem as crianças para quem ele gostava tanto de olhar e de lhes acenar com a pesada cabeça, lhe alegravam. Até a sua pele rosada começou a esmorecer.
Mas um dia em que dava mais um mergulho na lama, um barulho esquisito fê-lo olhar para o céu. Viu um grande caixote cor de rosa a descer por uma grossa corda de um helicóptero.
Quando o caixote cor de rosa aterrou, Rino aproximou-se com muito cuidado. De repente, o caixote abriu-se e de lá de dentro, saiu a mais bela rinoceronte cor de rosa que ele já vira, com um grande laço cor-de-rosa a enfeitar-lhe o grosso pescoço.
Começou a cheirá-la, e logo começaram a roçar os seus chifres rosados. Primeiro devagarinho, e depois furiosamente. Nesse momento, teve a certeza de que esta era a rinoceronte da vida dele.
Decidiram então fazer uma grande festa em tons de rosa para celebrar o seu casamento, para a qual foram convidados todos os animais do Jardim Zoológico, que trouxeram rosas cor de rosa, gomas, chupas, balões, papelinhos e serpentinas tudo em tons de rosa, apadrinhados pelo casal de flamingos mais rosa que já se vira.
E viveram felizes uma longa história cor de rosa, em alegres brincadeiras no meio da lama com os rinocerontezinhos de pele rosada."
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Esta semana vamos pintar as letras em tons de azul claro, cor da calma, da quietude, do relaxamento, da divagação, da serenidade, da tranquilidade, da suavidade, do espírito e da devoção, mas também da melancolia e da tristeza.
Desde as segundas feiras mais tristes do ano, as apelidadas de Blue Monday, que os New Order nos puseram a dançar frenéticamente, ao compasso entoado em coro do refrão de Song Sung Blue do saudoso Neil Diamond, à Blue Jean de Bowie do eterno olho azul, aos Blues em geral, em notas cantadas num timbre arrastado num som triste e melancólico, a quando Elton John tentou adivinhar why they call it the blues e que todos sonhavamos com o seu Baby que tinha blue eyes, like a deep blue sea, on a blue, blue day e que tanto sofremos com o amor impossível espelhado no olhar azul tão claro da soldada russa, Nikita.
Né Ladeiras levou-o no seu sonho Azul, Azul, Azul da cor do céu, os Delfins clamaram que a Cor Azul vai-nos salvar, quero ver o teu olhar azul a brilhar no meu caminho, para Djavan o amor é azulzinho, foi sem mais nem menos que os Trovante selaram a 125 Azul, e os Rádio Macau tentaram mandar pintar o céu em tons de azul, mas só depois notaram que Azul já ele era.
Estava eu a divagar sobre como pintar as letras em tons de azul claro, recostada numa cadeira azul a olhar o infinito do mar azul onde saltavam golfinhos por cima de uma baleia azul, com o meu bloco de notas de capa azul, qual Marlene Dietrich no Anjo Azul, com uma campânula azul a prender o cabelo, a ouvir a banda sonora do Veludo Azul, com um copo de Blue sapphire, o pensamento a vaguear rumo ao céu tão azul, coberto de bandos de andorinhas azuis, quando despertei deste sonho azul com os trinados desafinados do meu periquito azul.
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Quando pensei em azul cobalto vislumbrei imediatamente os meus tão amados bonecos estrunfes que sempre fizeram as minhas delícias e que me continuam a acompanhar, memória dos meus tempos felizes de faculdade em que era apelidada de estrunfina, não por alguma pigmentação mais dúbia mas derivada do meu apelido que se presta a este tipo de trocadilhos que acabam por ter graça.
Olhando de frente para o meu tão bem composto louceiro, salta à vista desarmada o nosso serviço de jantar decorado com motivos em azul cobalto com pontilhados em amarelo, presente do nosso casamento e sempre presente em qualquer ocasião mais especial desde há 23 anos a esta parte.
23 anos também que me remetem para a nossa lua de mel sem qualquer fel, a navegar nas águas azul cobalto do mar mediterrâneo num périplo inesquecível pela idílicas ilhas gregas, onde nos encantámos pelo branco casario com suas portadas e cobertura em azul cobalto, pela cerâmica e tapeçarias de azul cobalto pontilhadas, pelo azulão olho grego símbolo de da sorte e das energias positivas, olhar divino que nos protege contra os males e a inveja, e que tanta jeito nos daria nestes tempos difíceis que todos atravessamos.
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Era eu pequenina e lembro-me da minha mãe cantarolar “Olhos verdes são traição, são cruéis como punhais “
Mais tarde dizia-me que “aqueles olhos verdes, que inspiram tanta calma, entraram em minh'alma, encheram-na de dor”.
Como sou do contra, encantei-me por aqueles olhos esverdeados que bastante mais tarde me ofereceu o anel com uma Esmeralda, que passados 22 anos continua a acompanhar-me noite e dia sobre a aliança do amor eterno.
Durante anos a fio, juntos nos divertimos com as peripécias do sapo Cocas eternamente apaixonado pela Miss Piggy, com Jim Carrey e as suas transformações ao colocar a sua máscara verde, irritámo-nos com o mal humorado Grinch, eternecemo-nos com Yoda, o Mestre Jedi mais poderoso.
Vieram os tão desejado filhos e com eles o retomar das tradições de Natal na busca do musgo perfeito para enfeitar o presépio, a procura da mais frondosa e verdejante árvore de Natal, e eu mascarada de elfo verde sempre disponível a ajudar o tão sobrecarregado Pai Natal.
Com eles nos rimos tantas vezes com Dipsy, o desajeitado Teletubbie, aprendemos com os Lanterna Verde que verde é a cor da vontade, que o Incrível Hulk também tinha sentimentos, que a lutadora com ar de durona Buttercup das Powerpuff Girls afinal também é sensível.
Sofremos no Carnaval à procura das máscaras das Tartarugas Ninja, eternecemo-nos com o Monstrinho Mike, com Shrek o Ogre carinhoso, sonhámos voar com a fada Sininho, vimo-nos aflitos para passar os níveis dos jogos com Bulbassauro, o Pokémon e com Luigi o irmão do Super Mário Mário.
E juntos continuamos em família forte e unida como os trevos no meu quintal, com o verde sempre presente em mim, eterna Peter Pan, e em todos nós simbolizando a nossa Esperança num Mundo Melhor.
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