Semana para dissertar sobre o castanho escuro…castanho escuro em plena Primavera?
Castanho escuro remete para os dias de Outono que desejamos ver, por agora, muito longe….
Castanho escuro sempre presente nas minhas botas, castanho escuro na lenha para a lareira que conforta os nossos serões, castanho escuro nos paus de canela com que eu gosto de mexer o meu café castanho escuro, castanho escuro nas castanhas fumegantes, prenúncio do final do bom tempo.
Naquele final de Verão, a quinta do Tio Manuel resplandescia de cor com a diversidade de frutos que cresciam a bom ritmo nas suas árvores cuidadas com todo o amor e carinho.
Tinha um enorme orgulho no seu souto onde dos frondosos castanheiros pendiam cachos de ouriços, dos quais já se vislumbravam as belas das castanhinhas que iriam ser as rainhas do magusto, ponto alto da vila, onde todos se reuniam em alegre confraternização à volta do madeiro.
E um por um todos os ouriços foram abrindo e libertando castanhas grandes e saborosas, prometendo a melhor colheita dos últimos tempos.
Todos menos um ouriço que se mantinha teimosamente fechado, agarrando nas suas entranhas aquela castanha da qual não se conseguia libertar.
No almoço domingueiro de família habitual na quinta do Tio Manuel, Ritinha a sua neta de lindos olhos castanhos escuro corria deliciada brincando entre as árvores e admirando os frutos que ela fazia questão em acompanhar o seu crescimento.
Quando os seus olhos pousaram sobre o ouriço teimoso, começou a entoar com a sua doce voz “ Ouriço ouricinho não sejas teimosinho. Atira para o meu colinho essa bela castanhinha”.
E de repente, como num passe de magia, o ouriço abriu-se num bocejo inesperado, libertando a maior castanha que Ritinha que os grandes olhos de Ritinha já viram.
Feliz, aninhou a bela da castanha nas suas mãos bojudas e correu para o colo do avô Manuel que lhe disse para com ela ficar.
E foi assim que aquela bela castanha de cor tão castanha escura se tornou gurdiã dos sonhos de Ritinha na sua mesa de cabeceira.
Todas as quartas feiras publicamos um texto novo inspirado nas cores dos lápis da caixa que dá nome ao desafio no blogue da Fátima
Meu coração é Vermelho, De Vermelho vive o coração, Tudo é garantido após o sol Vermelhecer.
E é tão isto…. As vezes que vermelhei ao som desta vermelhidade qual papoila (vermelha) saltitante, relembrando as alegres peregrinações com o meu Pai ao Glorioso Estádio da Luz e bem mais tarde, em família, com os meus vermelhusquinhos.
Mas há mais vermelho que salpica a minha vida, começando pela época natalícia (mais vermelho que esta época não há), em que pela mão da minha querida mãe, calcorreavamos a Baixa Pombalina de ponta a ponta em busca dos barbudos e gorduchos Pais Natais nos seus trenós e com as suas renas para as fotografias da praxe, tradição que mantive com o meu filho mais velho que também adorava, e em que apenas fui bem sucedida nesta demanda com a mais nova nos seus primeiros anos de vida…....
Vermelho também das cerejas que sempre comi até ficar a rolar com dores de barriga, e das fatias enormes das melancias sumarentas que ia comer para o portão da casa dos meus pais, provocando grandes birras à miúda da casa em frente.
Vermelho das joaninhas pintarolas que eu caçava para lhes cantar “ voa voa joaninha que o teu pai foi a Lisboa” , e da sua história que escrevi que um dia destes vos contarei.
Vermelho das minhas galochas que em miúda me enchiam de contentamento nos dias de chuva ao chapinhar em todas as poças de água que encontrava pela frente e que passados tantos anos finalmente consegui encontrar umas exatamente iguais, que agora não largo mal veja umas pinguinhas a cair para de novo ir chapinhar em todas as poças de água.
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A cor desta semana é o verde água, verde claro, a remeter para a Primavera com os seus campos verdejantes e para a Esperança de que tudo fique bem.
Verdes são os campos da cor de limão, assim são os olhos do meu coração, Verde que te quero verde, verde vento , verdes ramas.
Viajei de imediato para a Ilha Esmeralda, assim denominada a Irlanda pela sua paisagem constantemente verdejante, mercê das chuvas e neblinas frequentes, verde o símbolo do nacionalismo irlandês com origem na cor verde das fardas dos soldados na Rebelião Irlandesa de 1798, onde não existem cobras, pois foram expulsas e para sempre banidas pelo seu padroeiro, St Patrick, que explicou a Santíssima Trindade aos pagãos celtas com trevos de 3 folhas, e que leva no dia 17 de Março, a que uma multidão de verde trajada invada as ruas em alegres desfiles, de cerveja Guiness na mão.
A minha veia mística relembra-me os pequeninos seres mágicos sapateiros no reino das fadas, os duendes rezingões que moram em casas nas raízes das árvores das florestas, se escondem entre as folhas das árvores e no meio das folhas dos arbustos ocupados a fazer sapatos e que guardam ferozmente o pote com moedas de ouro no final do arco íris.
A minha veia nostálgica remete-me para uma década atrás, onde, no âmbito da disciplina de francês ajudei o meu filho a fazer um chapéu em tons de verde (esperança) e amarelo (sabedoria) para a comemoração do dia das “Catherinettes”, a 25 de Novembro, em honra de Santa Catarina, padroeira das raparigas solteiras (Les Catherinettes), onde anualmente as raparigas com mais de 25 anos renovam o chapéu de Santa Catarina e saiem em procissão na esperança de encontrar um marido, num desfile de chapéus em verde e amarelo.
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Esta semana no Desafio da Caixa dos lápis de cor, vamos pintar as palavras de cor de rosa, cor da ternura, do amor, da inocência, do romance e das histórias cor de rosa.
"Rino era um rinoceronte que vivia há muito tempo no jardim Zoológico, diferente de todos os outros pela sua pele em tons de rosa.
Levava uma vida calma e pachorrenta entre as suas sestas prolongadas e os seus grandes banhos na água lamacenta.
Fazia grandes banquetes com as ervas e as folhas que lhe davam para comer e que fazia questão de as mastigar demoradamente prolongando as suas refeições num ritual cheio de prazer e de satisfação.
Fez grandes amizades com pássaros coloridos de todas as espécies que o visitavam durante o dia animando-o ao som dos seus alegres chilreios e lhe provocavam fortes gargalhadas com as cócegas que sentia quando eles lhe debicavam das suas costas rosadas os incómodos insectos que teimavam em picá-lo o dia inteiro.
Mas Rino começou a sentir-se sozinho, principalmente à noite, quando os seus amigos passarinhos iam dormir. E começou a ficar muito triste. Tão triste que já nem as crianças para quem ele gostava tanto de olhar e de lhes acenar com a pesada cabeça, lhe alegravam. Até a sua pele rosada começou a esmorecer.
Mas um dia em que dava mais um mergulho na lama, um barulho esquisito fê-lo olhar para o céu. Viu um grande caixote cor de rosa a descer por uma grossa corda de um helicóptero.
Quando o caixote cor de rosa aterrou, Rino aproximou-se com muito cuidado. De repente, o caixote abriu-se e de lá de dentro, saiu a mais bela rinoceronte cor de rosa que ele já vira, com um grande laço cor-de-rosa a enfeitar-lhe o grosso pescoço.
Começou a cheirá-la, e logo começaram a roçar os seus chifres rosados. Primeiro devagarinho, e depois furiosamente. Nesse momento, teve a certeza de que esta era a rinoceronte da vida dele.
Decidiram então fazer uma grande festa em tons de rosa para celebrar o seu casamento, para a qual foram convidados todos os animais do Jardim Zoológico, que trouxeram rosas cor de rosa, gomas, chupas, balões, papelinhos e serpentinas tudo em tons de rosa, apadrinhados pelo casal de flamingos mais rosa que já se vira.
E viveram felizes uma longa história cor de rosa, em alegres brincadeiras no meio da lama com os rinocerontezinhos de pele rosada."
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Esta semana vamos pintar as letras em tons de azul claro, cor da calma, da quietude, do relaxamento, da divagação, da serenidade, da tranquilidade, da suavidade, do espírito e da devoção, mas também da melancolia e da tristeza.
Desde as segundas feiras mais tristes do ano, as apelidadas de Blue Monday, que os New Order nos puseram a dançar frenéticamente, ao compasso entoado em coro do refrão de Song Sung Blue do saudoso Neil Diamond, à Blue Jean de Bowie do eterno olho azul, aos Blues em geral, em notas cantadas num timbre arrastado num som triste e melancólico, a quando Elton John tentou adivinhar why they call it the blues e que todos sonhavamos com o seu Baby que tinha blue eyes, like a deep blue sea, on a blue, blue day e que tanto sofremos com o amor impossível espelhado no olhar azul tão claro da soldada russa, Nikita.
Né Ladeiras levou-o no seu sonho Azul, Azul, Azul da cor do céu, os Delfins clamaram que a Cor Azul vai-nos salvar, quero ver o teu olhar azul a brilhar no meu caminho, para Djavan o amor é azulzinho, foi sem mais nem menos que os Trovante selaram a 125 Azul, e os Rádio Macau tentaram mandar pintar o céu em tons de azul, mas só depois notaram que Azul já ele era.
Estava eu a divagar sobre como pintar as letras em tons de azul claro, recostada numa cadeira azul a olhar o infinito do mar azul onde saltavam golfinhos por cima de uma baleia azul, com o meu bloco de notas de capa azul, qual Marlene Dietrich no Anjo Azul, com uma campânula azul a prender o cabelo, a ouvir a banda sonora do Veludo Azul, com um copo de Blue sapphire, o pensamento a vaguear rumo ao céu tão azul, coberto de bandos de andorinhas azuis, quando despertei deste sonho azul com os trinados desafinados do meu periquito azul.
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Esta semana vamos pintar as letras em tons de laranja, cor da energia, do positivismo, da alegria, da nostalgia e do romantismo.
Cor que remete para doces recordações de infância ao som de – Olhó Rajá o Melhor que há – que nos fazia correr com 25 tostões na mão rumo ao sorvete tão refrescante de laranja, em busca de mais uma figurinha do “Carrossel Mágico”, fosse o franjinhas, fosse o Saltitão (Tornicotim, Tornicotão, eu sou o Saltitão).
Folhas inteira enchi de palavras desenhadas por uma caneta bic laranja _ Bic laranja de escrita fina_ ,coleccionei postais e posters com pôr de sóis, tantos que serviram como pano de fundo de momentos ardentes plenos de romantismo, apreciei o nascer do sol a anunciar em tons de laranja mais um dia intenso para viver.
Laranja do Garfield, gato rechonchudo apreciador de lasanha, que em forma de peluche gigante, foi presente daquele grupo de colegas da faculdade, numa louca festa de aniversário inesquecível.
Tons de laranja nos cortejos nocturnos do Halloween pela vila com os miúdos fantasiados e de abóboras luminosas em riste a tocarem às portas das casas decoradas com abóboras iluminadas na demanda de doces ou travessuras, das histórias de Halloween saídas desta mente irrequieta:
Laranja das laranjas que o maridão espreme logo pela manhãzinha para que possa deliciar-me com o sumo logo ao acordar, laranja das abóboras ao meio partidas que a Mãe usava para fazer os seus afamados fritos que perfumavam a casa toda pelo Natal e agora para as sopas que fazem as delícias dos filhotes.
Laranja no meu mais recente amigurumi, o intemporal Pluto cor de laranja herói das histórias em quadradinhos da nossa infância, enviado como oferta de uma talentosa amiga da blogosfera, e que agora se tornou meu companheiro inseparável de teletrabalho.
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Quando pensei em azul cobalto vislumbrei imediatamente os meus tão amados bonecos estrunfes que sempre fizeram as minhas delícias e que me continuam a acompanhar, memória dos meus tempos felizes de faculdade em que era apelidada de estrunfina, não por alguma pigmentação mais dúbia mas derivada do meu apelido que se presta a este tipo de trocadilhos que acabam por ter graça.
Olhando de frente para o meu tão bem composto louceiro, salta à vista desarmada o nosso serviço de jantar decorado com motivos em azul cobalto com pontilhados em amarelo, presente do nosso casamento e sempre presente em qualquer ocasião mais especial desde há 23 anos a esta parte.
23 anos também que me remetem para a nossa lua de mel sem qualquer fel, a navegar nas águas azul cobalto do mar mediterrâneo num périplo inesquecível pela idílicas ilhas gregas, onde nos encantámos pelo branco casario com suas portadas e cobertura em azul cobalto, pela cerâmica e tapeçarias de azul cobalto pontilhadas, pelo azulão olho grego símbolo de da sorte e das energias positivas, olhar divino que nos protege contra os males e a inveja, e que tanta jeito nos daria nestes tempos difíceis que todos atravessamos.
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Era eu pequenina e lembro-me da minha mãe cantarolar “Olhos verdes são traição, são cruéis como punhais “
Mais tarde dizia-me que “aqueles olhos verdes, que inspiram tanta calma, entraram em minh'alma, encheram-na de dor”.
Como sou do contra, encantei-me por aqueles olhos esverdeados que bastante mais tarde me ofereceu o anel com uma Esmeralda, que passados 22 anos continua a acompanhar-me noite e dia sobre a aliança do amor eterno.
Durante anos a fio, juntos nos divertimos com as peripécias do sapo Cocas eternamente apaixonado pela Miss Piggy, com Jim Carrey e as suas transformações ao colocar a sua máscara verde, irritámo-nos com o mal humorado Grinch, eternecemo-nos com Yoda, o Mestre Jedi mais poderoso.
Vieram os tão desejado filhos e com eles o retomar das tradições de Natal na busca do musgo perfeito para enfeitar o presépio, a procura da mais frondosa e verdejante árvore de Natal, e eu mascarada de elfo verde sempre disponível a ajudar o tão sobrecarregado Pai Natal.
Com eles nos rimos tantas vezes com Dipsy, o desajeitado Teletubbie, aprendemos com os Lanterna Verde que verde é a cor da vontade, que o Incrível Hulk também tinha sentimentos, que a lutadora com ar de durona Buttercup das Powerpuff Girls afinal também é sensível.
Sofremos no Carnaval à procura das máscaras das Tartarugas Ninja, eternecemo-nos com o Monstrinho Mike, com Shrek o Ogre carinhoso, sonhámos voar com a fada Sininho, vimo-nos aflitos para passar os níveis dos jogos com Bulbassauro, o Pokémon e com Luigi o irmão do Super Mário Mário.
E juntos continuamos em família forte e unida como os trevos no meu quintal, com o verde sempre presente em mim, eterna Peter Pan, e em todos nós simbolizando a nossa Esperança num Mundo Melhor.
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Temos a noção de que o verão nos vai abandonar, quando começamos a ver a folhagem verdejante das árvores, lentamente a passar para a cor castanha para mais tarde iniciarem um verdadeiro striptree, deixando-as despidas e desprotegidas.
As mesmas folhas castanhas que, lentamente, começam a cobrir o chão atapetando-o numa palete de castanhos variadosem tons de degradé.
Os mesmos tapetes sobre os quais eu corria desenfreadamente fazendo voar as folhas em todas as direções num rodopio de emoções e de alegria.
Os mesmos tapetes que ainda hoje, me fazem pontapear discretamente as folhas que ali repousam, num ato de nostalgia e de rebeldia.
Não resisto a um bom desafio, para mais quando é de escrita.
E hoje, descobri este, no Blog “Porque eu Posso“, da querida Fátima Bento que, tendo como ponto de partida as saudosas caixinhas de lápis de cor da Viarco, nos propõe pintar com palavras o “Desafio da Caixa de Lápis de Cor”.
E é sob os tons do azul marinho que me remeto aos meus dias felizes de infância, alegre, feliz e despreocupada onde, de bata de cor azul marinho, aprendia as primeiras palavras e os primeiros números, ensaiava vezes sem fim a ladaínha da tabuada, tocava no xilofone colorido e nos ferrinhos, desenhava, pintava, fazia mil e um trabalhos manuais, saltava, pulava, brincava naquele recreio mágico que tinha aquela figueira que servia de baloiço.
Mais tarde, já adolescente, azul marinho era moda nas t-shirts em conjunto com calças brancas, o que constituiu a determinada altura quase como que um uniforme de fim de semana.
Azul marinho, sempre presente na minha vida, a minha receita anti stress, que me relaxa a alma e acalma as inquietações ao repousar o meu olhar no mar profundo divagando por entre as suas vagas.