Quando pensei em azul cobalto vislumbrei imediatamente os meus tão amados bonecos estrunfes que sempre fizeram as minhas delícias e que me continuam a acompanhar, memória dos meus tempos felizes de faculdade em que era apelidada de estrunfina, não por alguma pigmentação mais dúbia mas derivada do meu apelido que se presta a este tipo de trocadilhos que acabam por ter graça.
Olhando de frente para o meu tão bem composto louceiro, salta à vista desarmada o nosso serviço de jantar decorado com motivos em azul cobalto com pontilhados em amarelo, presente do nosso casamento e sempre presente em qualquer ocasião mais especial desde há 23 anos a esta parte.
23 anos também que me remetem para a nossa lua de mel sem qualquer fel, a navegar nas águas azul cobalto do mar mediterrâneo num périplo inesquecível pela idílicas ilhas gregas, onde nos encantámos pelo branco casario com suas portadas e cobertura em azul cobalto, pela cerâmica e tapeçarias de azul cobalto pontilhadas, pelo azulão olho grego símbolo de da sorte e das energias positivas, olhar divino que nos protege contra os males e a inveja, e que tanta jeito nos daria nestes tempos difíceis que todos atravessamos.
Todas as quartas feiras e durante 12 semanas publicamos um texto novo inspirado nas cores dos lápis da caixa que dá nome ao desafio no blogue da Fátima
Era eu pequenina e lembro-me da minha mãe cantarolar “Olhos verdes são traição, são cruéis como punhais “
Mais tarde dizia-me que “aqueles olhos verdes, que inspiram tanta calma, entraram em minh'alma, encheram-na de dor”.
Como sou do contra, encantei-me por aqueles olhos esverdeados que bastante mais tarde me ofereceu o anel com uma Esmeralda, que passados 22 anos continua a acompanhar-me noite e dia sobre a aliança do amor eterno.
Durante anos a fio, juntos nos divertimos com as peripécias do sapo Cocas eternamente apaixonado pela Miss Piggy, com Jim Carrey e as suas transformações ao colocar a sua máscara verde, irritámo-nos com o mal humorado Grinch, eternecemo-nos com Yoda, o Mestre Jedi mais poderoso.
Vieram os tão desejado filhos e com eles o retomar das tradições de Natal na busca do musgo perfeito para enfeitar o presépio, a procura da mais frondosa e verdejante árvore de Natal, e eu mascarada de elfo verde sempre disponível a ajudar o tão sobrecarregado Pai Natal.
Com eles nos rimos tantas vezes com Dipsy, o desajeitado Teletubbie, aprendemos com os Lanterna Verde que verde é a cor da vontade, que o Incrível Hulk também tinha sentimentos, que a lutadora com ar de durona Buttercup das Powerpuff Girls afinal também é sensível.
Sofremos no Carnaval à procura das máscaras das Tartarugas Ninja, eternecemo-nos com o Monstrinho Mike, com Shrek o Ogre carinhoso, sonhámos voar com a fada Sininho, vimo-nos aflitos para passar os níveis dos jogos com Bulbassauro, o Pokémon e com Luigi o irmão do Super Mário Mário.
E juntos continuamos em família forte e unida como os trevos no meu quintal, com o verde sempre presente em mim, eterna Peter Pan, e em todos nós simbolizando a nossa Esperança num Mundo Melhor.
Todas as quartas feiras e durante 12 semanas publicamos um texto novo inspirado nas cores dos lápis da caixa que dá nome ao desafio no blogue da Fátima
Quem me conhece sabe que não gosto de cores escuras, não gosto da cor preta.
Preto que me remete para a escuridão, para dias escuros, noites escuras, pensamentos obscuros.
Preto que associo a tristeza infinita, a dor dilacerante, a momentos sombrios.
Preto a cor da morte, dos funerais, dos rituais satânicos.
Cedo perante umas botas e uns bons sapatos pretos, e o intemporal vestidito preto, pois já dizia a saudosa Ivone Silva que com um simples vestido preto nunca me comprometo.
Preto que me remete para Gotham, a cidade natal de Batman o herói mais sombrio.
Preto que me remete para uma galinha preta em casa dos meus avós que se atirava a tudo e todos qual cão de guarda feroz que faz frente a quem ousa trespasser os seus domínios.
Preto que me remete para um carro que me ia tirando a vida e que me provocou receios e ansiedade para o resto dos meus dias.
Daqui remeto as minhas desculpas antecipadas a todos os amantes da cor preta.
Mas a minha onda é mais colorida. É do tipo arco-íris com unicórnios a voarem.
Colorida numa palete de cores vivas, alegres e vibrantes que me fazem sorrir e ser feliz.
Todas as quartas feiras e durante 12 semanas publicaremos um texto novo inspirado nas cores dos lápis da caixa que dá nome ao desafio no blogue da Fátima
Temos a noção de que o verão nos vai abandonar, quando começamos a ver a folhagem verdejante das árvores, lentamente a passar para a cor castanha para mais tarde iniciarem um verdadeiro striptree, deixando-as despidas e desprotegidas.
As mesmas folhas castanhas que, lentamente, começam a cobrir o chão atapetando-o numa palete de castanhos variadosem tons de degradé.
Os mesmos tapetes sobre os quais eu corria desenfreadamente fazendo voar as folhas em todas as direções num rodopio de emoções e de alegria.
Os mesmos tapetes que ainda hoje, me fazem pontapear discretamente as folhas que ali repousam, num ato de nostalgia e de rebeldia.
Não resisto a um bom desafio, para mais quando é de escrita.
E hoje, descobri este, no Blog “Porque eu Posso“, da querida Fátima Bento que, tendo como ponto de partida as saudosas caixinhas de lápis de cor da Viarco, nos propõe pintar com palavras o “Desafio da Caixa de Lápis de Cor”.
E é sob os tons do azul marinho que me remeto aos meus dias felizes de infância, alegre, feliz e despreocupada onde, de bata de cor azul marinho, aprendia as primeiras palavras e os primeiros números, ensaiava vezes sem fim a ladaínha da tabuada, tocava no xilofone colorido e nos ferrinhos, desenhava, pintava, fazia mil e um trabalhos manuais, saltava, pulava, brincava naquele recreio mágico que tinha aquela figueira que servia de baloiço.
Mais tarde, já adolescente, azul marinho era moda nas t-shirts em conjunto com calças brancas, o que constituiu a determinada altura quase como que um uniforme de fim de semana.
Azul marinho, sempre presente na minha vida, a minha receita anti stress, que me relaxa a alma e acalma as inquietações ao repousar o meu olhar no mar profundo divagando por entre as suas vagas.