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Fantasias no Reino da Lollipop

Fantasias no Reino da Lollipop

Desafio dos Pássaros 3.0 _ Tema 2 _ "Afinal Havia Outro... Fogão"

Desde tenra idade que Albertina e Alberto eram unha com carne.

Na escola não se largavam por um segundo, fora da escola corriam atrás um do outro por entre campos verdejantes em alegres brincadeiras.

Foram crescendo sempre juntos só tendo olhos um para o outro.

Passou a ser um namoro pegado para se transformar num amor para toda a vida.

Um namoro passado nos bailes daquela aldeia que estava sempre em festa, onde eram os reis da folia.

E era assim que Albertina era feliz. Sempre em festa com o seu Alberto, no meio da folia e do divertimento.

Todas as tentativas de ensinamento que sua mãe lhe tentara transmitir sobre as delícias de cozinhar saíram goradas. Ela não precisava de agarrar um homem pelo estômago pois há muito que agarrara o seu.

E como todos neste planeta também eles foram apanhados pela pandemia que se julgava ser passageira, e obrigados ao confinamento, cada um na sua casa.

Passaram a namorar por videochamadas, o dia inteiro agarrados ao écran, noites inteiras com juras de amor e promessas de uma vida em comum no fim da pandemia.

Mas a pandemia teimava em não passar.

E as videochamadas começaram a ser mais espaçadas passando a ser apenas chamadas de voz pois Albertina ficara de repente sem câmara no seu telefone.

Chamadas essas que, pese embora as tentativas insistentes de Alberto foram rareando cada vez mais da parte de Albertina que deixou mesmo de atender o telefone para desespero de Alberto que lhe enchia a caixa do correio de mensagens.

O pânico começou a tomar conta de Alberto perante o visível desinteresse demonstrado por parte de Albertina.

Tal só podia significar algo que só de pensar sentia a alma a trespassar o seu ser.

Que Albertina se tomara de amores por outro que conheceu durante este afastamento involuntário.

Mas que mais poderia fazer Alberto?

Todas as tentativas humanamente possíveis de contacto e reaproximação saíram frustradas.

Em desespero de causa saiu de casa naquela noite sorrateiramente todo de negro vestido desafiando o recolhimento obrigatório rumo a casa da sua amada pronto a enfrentar a verdade por mais dura que ela fosse.

Quanto mais se aproximava mais evidente era o som de ruídos no seu interior a que se sobrepunha a voz maviosa da sua amada em alegres cantorias evidenciando um estado de alma pleno de felicidade.

Embora a noite estivesse quente, Alberto estava gelado por dentro mas suando por cada poro da sua pele, tremelicando que nem varas verdes.

Trepou silenciosamente o muro e qual lobo furtivo à espera de caçar a sua presa, alcançou a janela mais próxima entreaberta na qual foi possível observar o movimento no interior.

E o seu maior medo confirmou-se.

Afinal havia outro, disso não havia qualquer dúvida.

Um fogão reluzente que fumegava em todo o seu esplendor onde repousavam tachos e panelas repletos de iguarias que Albertina aprendeu a fazer durante o confinamento.

Desafio dos Pássaros _ "Foi o que ouvi"

Há 22 anos atrás, eu moçoila felizmente grávida de primeira viagem, preparei-me para receber o meu primogénito com tudo a que ele tinha direito.

Não falo do básico, berços, roupas, chuchas, esterilizadores, mas de toda e qualquer literatura que versasse sobre o assunto para fazer o devido acompanhamento da minha cria mor.

Fiz-me assinante de diversas revistas, criei uma biblioteca temática, falei com tudo o que foi gente que me pudesse transmitir os seus sábios e mais experientes conselhos.

E chegou o meu pequeno príncipe com toda a pompa e circunstância, que logo teve a primeira desilusão da vida dele ao não ter leite para mamar, pois não havia maneira de subir tal como dizem.

De biberão em riste, sorvia cada gota sofregamente até nada mais restar, e assim continuou pois cedo descobriu ser muito mais fácil chupar da tetina do que da mamita.

Era um verdadeiro anjinho rechonchudo que ao contrário do que tinha ouvido dizer, dormia placidamente a noite inteira.

Esta mãe sempre atenta, e crente na sabedoria popular, punha religiosamente o despertador a tocar de 3 e 3 horas para  lhe enfiar o biberão goela abaixo, que ele embora continuasse a dormir não se fazia de rogado.

E assim continuou por 1 mês, e outro mês, e mais outro mês, até que perguntei à pediatra até quando teria que alimentar a cria de 3 em 3 horas.

- É ele que acorda a chorar com fome? – perguntou a pediatra

- Não… ele dorme a noite inteira, o despertador toca, agarro nele, dou-lhe o biberão, bebe-o todo e continua a dormir….

- Vou-lhe passar uma receita infalível que vai solucionar tudo, mas só a lê quando chegar a casa.

E dizia a bendita da receita o seguinte “ Agora que está em casa, agarre nos livros todos que comprou e livre-se deles, cancele as assinaturas de todas as revistas e esqueça tudo o que ouviu dizer. Se ele tiver fome durante a noite vocês então vão ouvir”