Desafio de Escrita dos Pássaros #2.1_ Acho que a coisa não vai correr bem
Desde tenra idade que o meu Pop mostrou ser um acérrimo defensor e cuidador de animais, mea culpa, mercê do ambiente em que cresceu, sempre rodeado das mais diversas espécies de animais.
À medida que foi crescendo, foi abrigando formigas, gafanhotos, joaninhas, borboletas, libelinhas, gafanhotos, grilos, que eu lhe convencia a devolver à procedência.
Foi quando descobri debaixo de um armário uma coleção de aranhas, besouros, lagartas, lagartixas, centopeias e afins, já mumificados, que comecei a achar que a coisa não ia correr bem.
E comecei a ter a certeza de tal quando descobri que andava a alimentar um ninho de pequenos ratinhos que descobriu no quintal, quando chegou da escola com um hamster branquinho que foi buscar à loja dos animais, quando começou a trazer pássaros feridos para tratar deles em casa.
Já com idade suficiente para andar a deambular à noite com os amigos, abro-lhe a porta, e salta-me à vista um gatinho aninhado no seu ombro.
- Está perdido, e farto de miar. Deixa-o pelo menos passar a noite. E amanhã logo se vê-
Acho que a coisa não vai correr bem, pensei.
Incapaz de virar costas a um bichinho, mais uma vez mea culpa, lá o fomos alimentar e brincar com ele. Quem apanhou um susto foi a Lolli quando de manhã acordou com um felino em cima dela.
Para meu desespero, já faziam planos para comprar brinquedos vários e acessórios adequados quando uma vizinha disse que o queria, podendo assim estar com ele quando quisessem.
Menos mal. Desta vez a coisa correu bem.
E eis que me bate à porta, desta feita com uma rafeirolas creme de olhar meigo, que o tinha seguido durante 3 kms.
- É só esta noite. Amanhã vamos à procura do dono –
Mais uma vez anuí, alimentei-a, e foi para o espaço até então ocupado pela rafeira alentejana que entretanto falecera.
Mais uma vez pensei – acho que a coisa não vai correr bem-.
Sem chip, depois de diversas publicações nas redes sociais, apelos em grupos, cartazes afixados, devidamente cuidada e vacinada, foi registada em nome dele.
E passou a fazer parte da família, juntamente com as 3 cachorras residentes, às quais se juntou mais uma há pouco, salva de morte certa pelo meu Pop, desta feita imediatamente adotada pela minha Lolli.
Eu sabia que a coisa não ia correr bem…